De acordo com um artigo da revista Psychological Science, assinado por Angela L. Duckworth, doutoranda em psicologia, e Martin E.P. Seligman, professor de psicologia e autor de livros na área, autodisciplina é um indicador muito melhor de sucesso acadêmico do que um bom QI (o quociente de inteligência).
"Acreditamos que muitas das crianças têm problemas em tomar decisões que exigem sacrificar prazeres imediatos em função de ganhos de longo prazo.", dizem os pesquisadores.
Angela e Seligman usaram uma variedade de indicadores, incluindo perguntas aos estudantes, notas de professores e pais e o teste "US$1 agora - US$2 mais tarde". O teste consiste em oferecer U$1 agora, diante de certos resultados, ou U$2 mais adiante, com tempo de melhorar o aproveitamento.
"Adolescentes altamente disciplinados (aqueles que preferem ter mais tempo, mas uma compensação maior) superaram seus colegas mais impulsivos em todas as variáveis acadêmicas, incluindo boletins, notas de provas, admissão em faculdades competitivas."
A autodisciplina teve mais importância no resultado do que o QI.
Fonte: Reportagem de Jay Mathews, do jornal The Washington Post.
Li recentemente um artigo do psiquiatra Paulo Gaudêncio, psiquiatra com grande experiência na área de recursos humanos que amplia a matéria em pauta.
ResponderExcluirGaudêncio afirma ser necessário requalificar o conceito de disciplina. Lembra que a palavra foi desqualificada há pouco menos de quarenta anos. Nessa época, foi traduzido para o português o livro Liberdade sem medo, que contava a experiência vivida numa escola inglesa, Summerhill. A obra foi um sucesso e influenciou fortemente a educação e a conduta de muitos pais na relação com os filhos. A obra postulava que as crianças não deviam temer os professores. Tempos em que jovens se articulavam em prol de ideais libertários. “È proibido proibir.” frase de protesto em muros e esquinas.
Tempos estranhos. No trilho das idéias libertárias Caetano Veloso escreveu uma bela canção homônima e foi enfaticamente vaiado pelos jovens cuja idéia de liberdade era a principal bandeira de luta
Gaudêncio conta que viu a aplicação da Liberdade sem medo na escola dos filhos na época. Viu uma professora sentada na cadeira e, na sua mesa, três ou quatro crianças em pé. Sem medo. Professores sem autoridade, crianças sem referência.
Atualmente cm mais serenidade percebe-se que esse modelo não deu e não dá certo. Uma releitura mais cuidadosa do livro revelou a superficialidade desta visão. Disciplina é essencial! Em Summerhill, a disciplina era rígida. É preciso muita disciplina para o exercício da liberdade.
O que muda é o conceito e o sentido da disciplina. Antes disciplina era entendida como sendo "a série de normas que os alunos devem seguir para concretizar o que foi proposto pela escola". O que Summerhill ensina é que “disciplina é a série de normas que o grupo deve seguir para concretizar o objetivo do grupo.”
Hoje muitos pais sentem-se culpados quando precisam impor limites aos filhos. E abdicam dessa tarefa. Essa postura advém da tese: “onde há disciplina não há liberdade.” Esse pensamento é equivocado. Para que uma pessoa possa ser considerada livre é preciso que legitime intimamente regras que regulam o convívio social.
A disciplina é essencial para construção do indivíduo responsável e livre. É preciso exercitar a liberdade disciplinadamente.
Jorge,
ResponderExcluirQuero parabenizá-lo pelo pertinente comentário a respeito de tão importante tema. Os jovens de hoje em dia desconhecem a experiência de Summerhill, e têm, em geral, uma visão militarizada da disciplina - talvez resquícios do trauma social brasileiro vivido pela geração anterior. Cabe a nós, educadores, resgatar a importância e o verdadeiro significado da autodisciplina.